O tempo
agente sem tamanho, espaço que
acontece em uníssono. Acumulador
de sensações. Desespero do
vento
O tempo
fragmento que corrompe, corrói,
arde a atmosfera da intempérie
Desfaz as expectativas
a esperança, constrói novos afetos
É ele uma parte importante das transformações
Passa, mas nunca envelhece
Se perde, se encontra, se distrai
nos devaneios e nas entrelinhas
Senhor dos destinos,
da longevidade,
da causa e do efeito
Restrito é seu paradeiro
Não se encontra, não se mantém único.
O tempo é o que eu faço e penso dele.
O tempo sou eu e o além de mim.
Me falta ânsia, mas isso provém do meu controle
Não controle do tempo, eu falo do peito.
Da latência,
das protuberâncias não aritméticas
Das pequenas partículas que não vemos,
mas que sem querer e sem atrito, nos toca.
(des)estremesse. Propaga. Prolonga.
Destrói. Nasce.
Desespero de ser eu e não ser outro eu.
Aflição já não existe.
Existe o dentro, o fora e o que sobra dele.
Estou no entre, mas não sou meio termo.