quando olho fundo,
pareço encontrar
ou talvez enxergar,
no fundo da sua íris,
por detrás da retina,
algo sublime e suspenso,
como uma queda sem fim.
uma cascata imensa,
onde a água precipita, flui, evapora.
a umidade me envolve,
seu som me atravessa,
a água me destila.
escuto,
no eco,
minha própria água
que escorre.
•
o olho que vê e se turva
a água que cai e se renova
.
sábado, 18 de outubro de 2025
quinta-feira, 9 de outubro de 2025
metade-inteira
Meias palavras me escorrem da boca
como rios que não sabem
se deságuam ou retornam.
Quis me declarar,
mas a vida se encheu de remendos,
e as verdades inteiras
vieram vestidas de silêncio.
Lembrar você
é mergulhar num mar que me devolve,
é flutuar no sal do teu nome
que insiste em minha pele,
no meu céu.
Quererei me lembrar
do instante em que pensei te apagar,
só para me perder de novo
na contradição de te querer.
Meu corpo sabe
onde teus rios começam,
mas desconhece onde acabam,
e por isso me afogo e renasço,
toda vez que lembro,
toda vez que insisto.
Sempre que te encosto,
o mundo novamente se suspende.
Sou metade silêncio,
metade declaração.
E sigo em órbita.
[09/09]
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