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sábado, 18 de outubro de 2025

catarata

quando olho fundo,
pareço encontrar
ou talvez enxergar,
no fundo da sua íris,
por detrás da retina,
algo sublime e suspenso,
como uma queda sem fim.

uma cascata imensa,
onde a água precipita, flui, evapora.
a umidade me envolve,
seu som me atravessa,
a água me destila.

escuto,
no eco,
minha própria água
que escorre.


o olho que vê e se turva
a água que cai e se renova

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

metade-inteira

Meias palavras me escorrem da boca

como rios que não sabem

se deságuam ou retornam.


Quis me declarar,

mas a vida se encheu de remendos,

e as verdades inteiras

vieram vestidas de silêncio.


Lembrar você 

é mergulhar num mar que me devolve,

é flutuar no sal do teu nome

que insiste em minha pele, 

no meu céu.


Quererei me lembrar

do instante em que pensei te apagar,

só para me perder de novo

na contradição de te querer.


Meu corpo sabe

onde teus rios começam,

mas desconhece onde acabam,

e por isso me afogo e renasço,

toda vez que lembro,

toda vez que insisto.


Sempre que te encosto,

o mundo novamente se suspende.


Sou metade silêncio,

metade declaração.

E sigo em órbita.


[09/09]

quinta-feira, 20 de março de 2025

outono

equinócio.

aproveitar a vênus retrógrada em áries 

pra voltar.

o que não foi possível antes tem novamente a chance de acontecer 


*

há prazer no retorno


*

saudade do seu cheiro no meu corpo



terça-feira, 13 de agosto de 2024

tardia

senhora do meu destino
tempo envolto no tempo
no centro do umbigo venta
meu pensamento é prece

padeço, mas não caio
racho, mas não morro
quebro, mas não moo

senhora do tempo
seu raio me rachou o peito
estou ainda sob o efeito
dilatado dos poros

acerto o passo,
mas já é tarde pra caminhar de mãos dadas

pra intempérie no céu
não tem hora certa
nem no corpo, no ventre,
nos entres do peito ardido

dilatei meus vasos
expandi a veia
circula mais
o sangue

desaguei no amor.

o peito chora
a noite cai
eu não vivo o agora



o que está entre
o eu e o átrio
é você 



                                                    salgados • 17/07/2024


 não há amor que espere


                                                salgados • 01/06/2024

as ondas me quebraram ao meio

estou me refazendo inteira 


                                                              salgados • 23/05/24

terça-feira, 28 de maio de 2024

quero te ver

você não sai da minha cabeça. no silêncio, sua presença se avessa. são tantas as lembranças, que você nunca de mim se ausenta. presença que ocupa, que transborda em meus espaços. eu, teimosa, não entendo a espera que o tempo prefere fazer. sua ausência, meus olhos, em pedaços. esperando o dia em que vou voltar a te ver.