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terça-feira, 13 de agosto de 2024

tardia

senhora do meu destino
tempo envolto no tempo
no centro do umbigo venta
meu pensamento é prece

padeço, mas não caio
racho, mas não morro
quebro, mas não moo

senhora do tempo
seu raio me rachou o peito
estou ainda sob o efeito
dilatado dos poros

acerto o passo,
mas já é tarde pra caminhar de mãos dadas

pra intempérie no céu
não tem hora certa
nem no corpo, no ventre,
nos entres do peito ardido

dilatei meus vasos
expandi a veia
circula mais
o sangue

desaguei no amor.

o peito chora
a noite cai
eu não vivo o agora



o que está entre
o eu e o átrio
é você 



                                                    salgados • 17/07/2024


 não há amor que espere


                                                salgados • 01/06/2024

as ondas me quebraram ao meio

estou me refazendo inteira 


                                                              salgados • 23/05/24

terça-feira, 28 de maio de 2024

quero te ver

você não sai da minha cabeça. no silêncio, sua presença se avessa. são tantas as lembranças, que você nunca de mim se ausenta. presença que ocupa, que transborda em meus espaços. eu, teimosa, não entendo a espera que o tempo prefere fazer. sua ausência, meus olhos, em pedaços. esperando o dia em que vou voltar a te ver.
 

quinta-feira, 18 de abril de 2024

rascunho

ainda que descompassadas
e com passos desencontrados:
buscar cadência no caminho.

sem tanto caos, nem medo do amor:
sentir o inexplicável,
escutar o que a gente não diz.








______

sem fim
almas misteriosas
fundidas e descobertas

uma canção

eu vou cantar
essa canção pra você
entender de onde vim
aonde estou
não sei...
pra onde vou
com você

com você
eu pulso
vibro
escapo
jorro
entendo essa canção

não meço
o impulso
derramo
porque caibo
ao vazar
no choro

a gota que dissolve a noite
que faz meu chá
que cola sua língua na minha

e eu oro
tocando no fundo
gemendo
bem dentro

me encaixo
no queixo, no lábio
lá embaixo
bem lento
no enlace
no centro

eu vejo o ouro
sorrateiro
consolo
brilhante
agudo e aquoso
no extremo do corpo
molhada num sopro

e eu vou soprar
essa canção pra você
perceber como vim parar
aqui?!
aonde estou?!
eu não sei...
pra onde vou sem você

com você
eu sumo
invisto
chovo
escorro
eu cuspo essa canção

meço
o impulso
derramo
não caibo
ao transbordar
eu canto em coro
só sinto
coração



não entendo essa canção



___
ainda sigo compondo 

quinta-feira, 28 de março de 2024

aquoso e agudo

toca no fundo

estremece meus entres

na ponta da língua 

no beijo, seu lábio


lá embaixo

bem dentro

no encaixe 

no centro


no extremo do corpo

me molho num sopro 

amanhecida brisa

e o movimento é novo


sem sina e em cínio 

me ensina de novo

o torto caminho

entre os dedos e pelos

bem cheios no peito


mergulho inteira

olhando fundo na íris 

desperto num susto

enlaçada


pelo humor esperado

que desata 

e desagua num rio 

de gozo